Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro, amplamente reconhecido por críticos, estudiosos, escritores e leitores como o maior expoente da literatura brasileira.
Machado de Assis foi o principal representante do realismo brasileiro. Ele é mais conhecido pelos livros de sua segunda fase, caracterizada, principalmente, pela crítica à idealização romântica.
Botas...as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.
Basta amar para escolher bem. Ao diabo que fosse era sempre boa escolha.
Naturalmente era gosto do tempo meter sabor clássico a figuras antigas.
Imenso amor? Imenso amor, paixão violenta (...), acrescentando que talvez a definição já não coubesse bem ao atual sentimento da pessoa. Agora era uma adoração quieta e calada.
Em Minas, não se aborrecia tanto, por quê? Não achou solução ao enigma, uma vez que o Rio de Janeiro tinha mais em que se distrair, e que o distraía deveras; mas havia aqui horas de um tédio mortal.
A ideia é um direito, a mocidade outro; perturbá-los é quase um crime.
A ocasião faz o roubo, o ladrão já nasce pronto.
O Mestre deve ser meio sério para dar autoridade à lição e meio risonho para obter o perdão da correção.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva!
Felizes os cães, que pelo faro dão com os amigos!
Esquecer é uma necessidade.
As nossas paixões não aceleram nem moderam o passo do tempo.
O amor é uma carta, mais ou menos longa, escrita em papel velino, corte-dourado, muito cheiroso e catita; carta de parabéns quando se lê, carta de pêsames quando se acabou de ler. Tu que chegaste ao fim, põe a epístola no fundo da gaveta, e não te lembres de ir ver se ela tem um post scriptum...
As pessoas valem o que vale a afeição da gente.
Ninguém faz mal a um homem no mesmo instante em que vai pedir-lhe um favor.
Que importa o tempo? Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos.
Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos.
Crê em ti, mas nem sempre duvides dos outros.
A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa.
Grande coisa é haver recebido do céu uma particula da sabedoria, o dom de achar as relações das coisas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir!
Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio.
Um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde.
A vida é boa.
Umas coisas nascem de outras, enroscam-se, desatam-se, confundem-se, perdem-se, e o tempo vai andando sem se perder de si...
Não há amor possível sem a oportunidade dos sujeitos.
As pessoas valem o que vale a afeição da gente, e é daí que mestre Povo tirou aquele adágio que quem o feio ama bonito lhe parece.
Depois, querida, ganharemos o mundo!
A fortuna troca às vezes os cálculos da natureza.
Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio.
Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.
A vaidade é um princípio de corrupção.
O destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.
De todas as coisas humanas, a única que tem o seu fim em si mesma é a arte.
Amor repelido é amor multiplicado.
O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.
Dormir é um modo interino de morrer.
O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se; basta a simples reflexão.
Também a dor tem suas hipocrisias.
Não se perde nada em parecer mau; ganha-se tanto como em sê-lo.
O amor é o egoísmo duplicado.
O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.
As ocasiões fazem as revoluções.
A primeira glória é a reparação dos erros.
A amizade é como um círculo e como um círculo não tem começo nem fim.
Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
Creiam-me, o menos mal é recordar; ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da baba de Caim.
Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la.
Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar...
O coração humano é a região do inesperado.
Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem.
Não se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que, para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico. A realidade pura é que eu almocei, como nos demais dias...
Tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro.
O tempo é pouco para o muito que espero...
Não precisa correr tanto, o que tiver de ser seu às mãos lhe há de vir.
A loucura é uma ilha perdida no oceano da razão.
Ao vencedor, as batatas!
A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso.
A gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer daquele de quem o faz.
Tudo é aliado do homem que sabe querer.
Matamos o tempo, o tempo nos enterra.
É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.
Convém que os homens afirmem o que não sabem, e, por ofício, o contrário do que sabem; assim se forma esta outra incurável, a Esperança.
Quinze anos! é a idade das primeiras palpitações, a idade dos sonhos, a idade das ilusões amorosas, a idade de Julieta; é a flor, é a vida, e a esperança, o céu azul, o campo verde, o lago tranquilo, a aurora que rompe, a calhandra que canta, Romeu que desce a escada de seda, o último beijo que as brisas da manhã ouvem e levam, como um eco, ao céu.
Não gosto de lágrimas, ainda em olhos de mulheres, sejam ou não bonitas; são confissões de fraqueza, e eu nasci com tédio aos fracos. Ao cabo, as mulheres são menos fracas que os homens, ou mais pacientes, mais capazes de sofrer a dor e a adversidade...
Pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras muitas faces...
O cristianismo é bom para as mulheres e os mendigos.
Muitas coisas melhor se diz calado, pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras sim têm muitas faces.
Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto.
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.
Mas o tempo, o tempo caleja a sensibilidade.
A melhor definição do amor não vale um beijo.
Acomodar-se às circunstâncias do momento faz hábeis os homens e estimáveis as mulheres.
Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos.
Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.
A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.
Reúno em mim mesmo a teoria e a prática.
As coisas valem pelas ideias que nos sugerem.
Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies.
A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas, capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo.
Guarda estes versos que escrevi chorando,
Como um alívio a minha saudade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.
Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno.
Há coisas que melhor se dizem calando.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens que de um terceiro andar.
Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.
Eu sinto a nostalgia da imoralidade.
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
A moral é uma, os pecados são diferentes.
A mentira é muita vezes tão involuntária como a respiração.
A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente.
A melhor definição de amor não vale um beijo de moça namorada.
Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer.
Está morto: podemos elogiá-lo à vontade.
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.
O acaso... é um Deus e um diabo ao mesmo tempo.
Não se ama duas vezes a mesma mulher.
Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.
Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...
Lágrimas não são argumentos.
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Creia em si, mas não duvide sempre dos outros.
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.
A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.